As Flores!!
Naquela noite fumei. Não me lembro do teu cheiro.
Faltava pouco para a Primavera.
O teu Olhar…
As Flores!!
Não lhes senti a fragrância,
a sua singela forma ao vento.
As tuas mãos tremulas.
Presente em mim permanece,
intenso inquietante o
Teu
Olhar.
Paz escrita com letra grande tem certamente a ver com desapego, com o liberar. O processo de aceitação que somos Seres feitos do nosso passado, mas a qual existência só acontece no presente é o modo “simples” de realizar a vida. Viver. Viver é, estar Livre, daí o apego condicionar. Se ao encontrarmo-nos connosco, com a Vida, formos Seres capazes, Seres em que a cada momento Somos, é certamente certo Que o Esplendido ocorra. A Vida faz-se do que realizamos, muito mais do que entregamos. Entregar Livremente, sem condicionantes, sem entraves, é Paz certamente.
Ainda que pareça um contrassenso, algo que possa fazer pouco sentido olhando para a imagem acima, Luz é essência da Vida. Na minha, de Todos, o que me Rodeia, em suma uma consciência Global de Existência onde estar e Ser, por vezes se confundem. É de aparência plácida em que as formas se mostram, difusas e pouco consistentes, poucas são afirmadas pela Luz de modo contundente ao ponto da não haver duvida da sombra. Da Luz. Marcos, pontos de consciencialização, projeção, talvez decisão e ação podem transbordar de essência Pura ofuscante, como podem desvanecer. Desejo a Todos a paz que faz a Imagem, que iluminem de forma terna, revelando o melhor.
O processo de criação em si como acontecimento não estanque que se desenrola e surge à tona com o resultado.
Não só na Fotografia, também em diferentes outras áreas de criação é, na entrega que se recebe. O estar disponível, o estar pronto a dar de nós, para que se desenrole através da nossa dádiva da vontade livre a criação de algo inesperado é em si uma possibilidade não estanque. O método repetido vezes sem conta, padronizado, faz da criação como que um mecanismo em que os resultados viciados se tornam norma. Sermos livres com atenção ao que acontece abre a multiplicidade, pode ser a forma mais fácil de chegar ao novo, ao ainda não realizado.
O processo. Será nele? Vejo no processo, como que o ato determinante para o resultado. Quero dizer a Foto não está pronta à partida. Quando embraço a revelação, as possibilidades são mais que muitas. A cada ação surgem novos caminhos e assim consequentemente. É a escolha de cada um deles que me leva ao resultado. Mesmo esse não é verdadeiramente o fim.
Deixarmo-nos deslumbrar por uma nova possibilidade e segui-la sem olhar para o que se deixou de escolher, abraçando o novo vivendo sem entraves do que o que poderia ter sido…
Fim de tarde nostalgica. Este Local e as suas diferentes facetas, sempre mudando, sempre oferecendo novos Olhares. Local onde muitos se deslocam prepositadamente.
Para além de estar um dia pouco convidativo, dar um pouco de intimidade e emoção ao local onde se está sem que este lhe diga assim tanto, é um bom exercício.
Chegados à Lagoa da Vela situada no Bom Sucesso, Figueira da Foz. A Placitude do Lugar era algo que se entranhava nos sentidos, se adormecidos iam a pouco e pouco vibrando. Tiraram-se uma dúzia de Fotografias. De verdade as amostras eram pouco promissoras, mas lá se foi dando o gostinho ao dedo. Neste caso o intuito era ir às lagoas fotografar e o objetivo foi cumprido. Mal esperava eu que praticamente dois anos depois, voltasse a olhar para Esta e propor-me fazer um Preto e Branco. As idas ao Baú são reviver memórias, sentir, voltara a olhar para o que houvera sido olhado e com leveza permitirmo-nos respirar a todo o folego, sem a pressão de ter de tirar a tal Foto.
A Cor peculiar de trabalhar quando o Ambiente é Plano. Através de um Preto e Branco a planura da Imagem pode ganhar Expressão. Nas diferentes Camadas da Tela trabalhando a Luz realçando Texturas, podem tornar uma Imagem aparentemente monótona em algo onde O sensorial pode viajar. O contraste a luminosidade dos Tons e sua profundidade, podem criar Drama, consequentemente prender quem Vê com Olhar Atento.
A surpresa de quem vive entregue… De quem por amor, crença, solidão, desamparo, incapacidade de sair da espiral se afunda em golpadas que de tão fundas enclausuram a mente, amarfanham o corpo que sentido não deixa o coração respirar. Para onde olhas, o que vez? Existes em Ti como se a única parte fosses Tu. Nem te dás conta do ar!